Arquivo mensal: dezembro 2011

Na véspera do Natal, Sol, Lua e Plutão se encontram no Céu.

Qual a relação entre o Natal e a Morte?

O Natal é provavelmente a época mais mágica do ano, onde somos como que contagiados pelos ideais de esperança, amor e renovação interior, que pairam no ar e inspiram novos rumos. Neste dia 24, em plena véspera do Natal,  acontece a conjunção entre o Sol com a Lua, ocasionando o fenômeno que chamamos de Lua Nova. O que há de especial é que essa Lua Nova ocorre em conjunção com o planeta Plutão (o destruidor); e é bastante significativo que este fenômeno aconteça na véspera do Natal, pois seus signficados estão associados a tesouros interiores que se revelam e produzem marcantes transformações nas pessoas.

Essa idéia é retratada pelo escritor inglês Charles Dickens em seu Conto de Natal,talvez a mais famosa e bela história de Natal, reproduzida em inúmeras versões cinematográficas e literárias.

Charles Dickens

Ebenezer Scrooge, personagem principal, é um velho comerciante, avarento e ambicioso, cujo único interesse é o lucro e o acúmulo de riquezas, passando por cima de quem quer que fosse, sem se importar com o sofrimento ou a penúria alheias (esse personagem, diga-se de passagem, inspirou Walt Disney a criar, mais tarde, o avarento Tio Patinhas). O pétreo e gélido coração de Scrooge era completamente insensível às causas humanitárias ou aos sentimentos de amizade ou compaixão. Na véspera do Natal, Scrooge recebe a fantasmagórica visita de Marley, seu falecido sócio que, tão impiedoso e avaro quanto ele, sofria, no além-túmulo, as conseqüências de uma vida voltada ao enriquecimento material e à exploração dos mais humildes. A aparição lhe avisa que ainda há tempo de mudar, transformar-se num ser humano melhor e  antecipa a visita de mais três espectros. O primeiro, o fantasma dos natais passados, evoca-lhe o seu próprio passado, cheio de sofrimentos, que lhe encheram a alma de mágoas, ódios, ressentimentos e rancores, endurecendo-lhe o coração. O segundo, o fantasma do Natal presente, aponta-lhe o sofrimento das pessoas que o velho Scrooge explora implacavelmente. O terceiro, o fantasma dos natais futuros, mostra-lhe o seu futuro, sendo odiado por todos e morrendo solitário.

No dia seguinte, Scrooge desperta transformado; um novo homem nasceu, tocado que foi pela magia do Natal: cumprimenta a todos, ajuda os pobres e até dá uma festa.

Uma importante reflexão nestas vésperas do Natal, com a ocorrência dessa Lua Nova plutônica: o Cristo só renascerá em nossos corações se pudermos matar algo dentro de nós, que nos impede de ver a magia e a beleza. Para isso, temos que destravar o nosso coração. E o coração é uma porta que só se abre por dentro.

Essa idéia pode parecer um lugar-comum, sobretudo numa celebração que se tornou excessivamente comercial. Porém, como sempre afirmamos, todos temos o nosso próprio inferninho interior!  E a pergunta a ser feita é: que fantasmas nos assombram? Ou, traduzindo, que mágoas, ódios, ressentimentos e rancores nos endurecem o coração e nos impedem de resgatar a sensibilidade e o encanto, da mesma forma que o velho Scrooge não entendia a beleza dos sentimentos mais elevados e humanitários?

Na época do Natal, há o momento propício para que nos livremos de nossos ranços interiores, ressentimentos e mágoas que nossos semelhantes, na maior parte das vezes, sem perceber, nos causam. E, seguramente, não há força mais poderosa para isso do que o perdão. Aproveite, portanto e livre-se dos seus fardos.

Mas lembre-se: Natal é todo dia !!! Todo dia, portanto, é dia de perdoar. Se não por que você seja bonzinho, mas por que, no mínimo, você estará se livrando de ranços que somente servem para travar seu crescimento e sua paz.

O nosso desejo é que, neste Natal, você possa reencontrar a dimensão crística dentro de você e, assim, alcançar uma vida cada vez mais plena, em todos os sentidos.

 

Um grande abraço e um feliz Natal. E que Deus nos abençoe a todos !

O Sol entra no Signo de Capricórnio – Solstício de Verão

Neste 22 de Dezembro, o radioso astro do dia, em seu contínuo e inexorável caminho através do Zodíaco, adentra o signo de Capricórnio, iniciando um novo ciclo cósmico e uma nova estação. Esse fenômeno cósmico-astronômico coincide com a ocorrência do Solstício de Verão, para o Hemisfério Sul, e de Inverno, para o Hemisfério Norte. Fecha-se, portanto, o ciclo anual, com a última das estações, período de abundância e plenitude da Natureza.

Mitologicamente, o signo de Capricórnio é associado ao Deus , símbolo da natureza e da Totalidade. Irmão adotivo de Júpiter, Pã tinha aspecto antropozoomorfo, ou seja tinha forma mista de homem e animal:  patas e chifres de bode e corpo peludo, assemelhando-se, no restante, ao humano. Era dotado de prodigiosa agilidade e força fecundante, envolvendo-se sempre em orgiásticas festividades com as ninfas dos bosques; dava-se prazer, inclusive, se não pudesse obtê-lo com alguma companheira. Teve uma importante participação na luta dos olímpicos contra os Titãs: em meio à batalha, tira uma concha em forma de caracol que trazia presa à cauda e sopra-a com força, fazendo ecoar tão poderoso e tonitruante som que os Titãs (símbolos das forças cegas da Natureza) se põem em desabalada fuga.

Simbolicamente, o signo de Capricórnio relaciona-se com a montanha, símbolo da estabilidade e sedimentação, mas também da elevação ascética e da iniciação. É relevante ressaltar que todas as tradições apresentam mitos concernentes à revelação feita numa elevação: é o caso do Monte Fuji-Yama, sagrado para os xintoístas; ou do Monte Sinai, onde Moisés recebeu as Tábuas dos Mandamentos; ou ainda do Monte Ararat, o único ponto poupado das águas do Dilúvio, onde pousou a Arca de Noé. O próprio Cristo foi crucificado no alto de um monte, o Calvário, símbolo de sua proximidade com os céus. Esse é um motivo pelo qual comemoramos o seu nascimento no período em que o astro-rei transita por Capricórnio: o Sol, símbolo do Salvador, o que tira os pecados do mundo, brilhando no ponto “mais alto” do Zodíaco, Capricórnio, símbolo por excelência das elevações e montanhas.

Uma outra associação simbólica que comumente é feita a Capricórnio e a seu planeta regente, Saturno, é a do joelho, que permite fazer as escaladas (que, invariavelmente, oferecem obstáculos), mas, atingido o cume da montanha, permite-nos, também, fazer a genuflexão diante do Sagrado, para receber, do Criador, as bênçãos e a Iniciação.

Durante a estada do Sol em Capricórnio, portanto, o Cosmos nos convida a reconhecimento da plenitude e integralidade da Natureza (inclusive a Natureza humana), a mesma plenitude que traz, em seu bojo, a sonoridade primordial que expulsa as forças cegas que nos enchem de pânico. Mas que nós possamos, também, ter a humildade e a disposição para escalar as montanhas, tanto as da existência cotidiana como também aquelas que nos elevam a maiores realidades. E que possamos celebrar a estação do Verão com alegria e plenitude, mas que, sobretudo, essa plenitude esteja também presente em nossas almas.

Aproveite também o momento para conscientizar-se acerca de tudo aquilo que, em sua vida, precisa ser melhor sedimentado, realizado e cristalizado. Os impulsos que você der agora aos seus projetos tenderão a tornar-se em efetividade consistente e estável.

 

Aproveitamos o momento para desejar a todos os amigos um Feliz Verão!